17 de set. de 2010

Europa

Depois do retorno, fiquei com o gosto da Europa na boca. Aquilo que percebia aqui, sobrepunha às situações que vivi e possibilidades que enxerguei serem possíves se eu morasse lá. Seria bom, morar lá. A convivência com a humanidade fica mais fácil. Lá, as pessoas cuidam de suas vidas, respeitam o espaço alheio, são informadas (em sua maioria), apreciam a diversidade. Há um despreendimento no ar, como se todos quisessem o silêncio, as pessoas falam mais baixo, rola um relaxamento, um despreendimento em relação à coisas que no Brasil são tão valorizadas. É como se fossem antigos e, paradoxalmente, muito modernos. Não são consumidores vorazes de qualquer coisa que está na moda. Lá não tem muito isso que tá na moda. O legal é ser individual. Isso é respeitado. Aqui em Londrina, tá na moda colocar um adesivo no carro que ilustra os membros da família. O papai, a mamãe, o filhinho e a filhinha (um casal, que perfeito!), todos de mãos dadas. Alguns destes adesivos têm o seguinte dizer, "família feliz". Aí, tá na moda, todo mundo coloca em seu carro o tal adesivo. O diferente choca aqui em Londrina. Lá é cultuado. A tal "frieza" defendida por leigos acerca dos alemães, diz respeito à característica daquele povo de: não ser bisbilhoteiro sobre a vida dos outros, não ver ameaça na diferença de religião, cor, opção sexual, ao culto à individualidade e a identidade própria. Não ter MEDO do desconhecido. É tão bom andar pelas ruas, do jeito que for e saber que não será medido, dos pés às cabeças e ridicularizado se não estiver nos padrões do que o povinho gosta de chamar de normal. Como se soubesse alguma coisa do que é certo e o que é errado, como se existisse uma definição absoluta. Eu tenho vergonha dessa gentinha, que usa adjetivos preconceituosos para chamar os outros, aqueles que não pensam duas vezes em taxar alguém de maconheiro, puta, maloqueiro, louco, ah não, louco é o pior, é onde mais a galera erra, erra feio. chamar de louco quer dizer o que?

Por isso e por outras que sinto falta de andar pelas Straats de Berlim de bicicleta velha, sem marcha, com meu marido rasta e barbudo, de vestido de chita, descalça e borrada e me sentir inclusa. Sem a preocupação de se alguém me encontrar pode achar que sou louca, que não sou séria (isso acontece no trabalho MUITO!!). Sinto falta sim, de sentar em um parque embaixo de uma árvore, sacar da bolsa um sanduiche e me deliciar deitada num pano estendido na grama vendo o quanto é rico o meio no qual a diferença é a máxima. Eu a festejo. Ela é o combustível para o desenvolvimento da humanidade. Desenvolvimento? Não acredito que falei isso.

Por fim, eu só queria estar lá... um pouquinho mais.

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