26 de set. de 2010

domingo de chuva

acordei e escutei a chuva caindo. fina, mas constante. era 8 horas. aqui na chácara o ritmo é como no sítio. acordo cedo, durmo cedo. esquentei água e fiz um capuccino. enquanto assistia os tropeiros que fazem queijos no "globo rural" pensava em como foi bom ter chovido, finalmente, neste domingo em especial. este é pra mim mais especial. o por que? simples. a partir de amanhã eu começo a desintoxicação. do que? desintoxicação de tudo. de hábitos, na maior parte. hábitos de pensamento.

escuto, do quarto, a corrida de F1 na tv e lembro das manhãs de domingo na minha casa quando tinha 14 anos. acordar ao som da F1 era típico das manhãs de domingo. meu pai ficava enrolado naquele cobertor branco e preto dele, tomando café enquanto o zumbido dos motores me despertavam. era gostoso acordar a esse som. me trazia uma sensação gostosa. sensação de família. eu iria pra sala, me encostava no cobertor e ficava assistindo com ele, com aquele formigamento gostoso de quem acabou de acordar. logo vinha minha irmã, meu irmão. a mamma trazia leite com chocolate morno. uma delícia. um pouco disso e já voltava pra cama, ficava revirando meus pensamentos... a incrível ótica de quem tem 14 anos e tem um saco cheio de sonho pra sonhar.

e hoje, pensando bem, não mudou muita coisa. vinte anos se passaram e me sinto da mesma forma. alguns sonhos destruídos, mas outros construídos no lugar. mas, a sensação de nostalgia, que a garota de 14 anos experimentava, eu experiencio também.
melhor assim.

então penso, repenso e entendo o que não gosto na minha vida. os caminhos que tenho escolhido. os acertos e os erros. penso no nocivo. tenho estado angustiada e revirado muita coisa por dentro. por isso, este domingo de chuva e reflexão, me está preparando, física e mentalmente, para o próximo dia, semana, mês, que - a partir de então - sei que estarei em uma nova etapa de vida. é a minha iniciação em uma nova filosofia.

- chove chuva, chove tudo que tem que chover e lava bem lavadinho o fundo da minha alma.

17 de set. de 2010

Europa

Depois do retorno, fiquei com o gosto da Europa na boca. Aquilo que percebia aqui, sobrepunha às situações que vivi e possibilidades que enxerguei serem possíves se eu morasse lá. Seria bom, morar lá. A convivência com a humanidade fica mais fácil. Lá, as pessoas cuidam de suas vidas, respeitam o espaço alheio, são informadas (em sua maioria), apreciam a diversidade. Há um despreendimento no ar, como se todos quisessem o silêncio, as pessoas falam mais baixo, rola um relaxamento, um despreendimento em relação à coisas que no Brasil são tão valorizadas. É como se fossem antigos e, paradoxalmente, muito modernos. Não são consumidores vorazes de qualquer coisa que está na moda. Lá não tem muito isso que tá na moda. O legal é ser individual. Isso é respeitado. Aqui em Londrina, tá na moda colocar um adesivo no carro que ilustra os membros da família. O papai, a mamãe, o filhinho e a filhinha (um casal, que perfeito!), todos de mãos dadas. Alguns destes adesivos têm o seguinte dizer, "família feliz". Aí, tá na moda, todo mundo coloca em seu carro o tal adesivo. O diferente choca aqui em Londrina. Lá é cultuado. A tal "frieza" defendida por leigos acerca dos alemães, diz respeito à característica daquele povo de: não ser bisbilhoteiro sobre a vida dos outros, não ver ameaça na diferença de religião, cor, opção sexual, ao culto à individualidade e a identidade própria. Não ter MEDO do desconhecido. É tão bom andar pelas ruas, do jeito que for e saber que não será medido, dos pés às cabeças e ridicularizado se não estiver nos padrões do que o povinho gosta de chamar de normal. Como se soubesse alguma coisa do que é certo e o que é errado, como se existisse uma definição absoluta. Eu tenho vergonha dessa gentinha, que usa adjetivos preconceituosos para chamar os outros, aqueles que não pensam duas vezes em taxar alguém de maconheiro, puta, maloqueiro, louco, ah não, louco é o pior, é onde mais a galera erra, erra feio. chamar de louco quer dizer o que?

Por isso e por outras que sinto falta de andar pelas Straats de Berlim de bicicleta velha, sem marcha, com meu marido rasta e barbudo, de vestido de chita, descalça e borrada e me sentir inclusa. Sem a preocupação de se alguém me encontrar pode achar que sou louca, que não sou séria (isso acontece no trabalho MUITO!!). Sinto falta sim, de sentar em um parque embaixo de uma árvore, sacar da bolsa um sanduiche e me deliciar deitada num pano estendido na grama vendo o quanto é rico o meio no qual a diferença é a máxima. Eu a festejo. Ela é o combustível para o desenvolvimento da humanidade. Desenvolvimento? Não acredito que falei isso.

Por fim, eu só queria estar lá... um pouquinho mais.

Hit me with music

Mr. Marley said:

" One good thing about music (is that) when it hits you,
you feel no pain.
So hit me with music,
hit me with music"


Música é tudo. Tudo.
Principalmente o ouvir. Se deixar envolver.
Não conheço sensação melhor.
Nem mesmo sexo é tão bom!