19 de set. de 2007

O "outro"

A Antropologia, estudo do homem e suas culturas, começou a desenvolver-se no século XXVIII. A época não poderia ser mais propícia. As nações européias expandiam-se formando colônias na Africa, nas Americas e em outras regiões. O encontro com os povos que ali habitavam foi crucial para o start de uma reflexão sobre os costumes, regras sociais e toda gama de cultura de populações que eram diferentes da então Europa "civilizada". O estranhamento por parte dos europeus foi óbvio. Não era possível viajar para outro país em 8 horas por R$900,00. A idéia que aquele povo tinha dos habitantes de outro hemisfério era carregada de misticismo e fantasia. Mas claro que quase sempre sob a ótica de olhar o outro, o diferente, o percebendo como errado, atrasado, primitivo. É aquilo que a Antropologia chama de etnocentrismo. Achar que sua cultura, seus modos são certos e os do outro são estranhos, bizarros. Daí a necessidade de pensar uma ciência, o desenvolvimento de uma área de conhecimento, que aborda o homem e suas diferenças e semelhanças. Perceber hoje, século XXI,a globalização, o contato direto que temos com outras culturas, a informação via web, temos uma melhor noção da cultura de outros povos (como a dos chineses, indianos, holandeses, mexicanos,...) . Não há o "outro" mistificado em nosso planeta. As pessoas não mais percebem uma outra cultura da mesma forma. Exploramos as fronteiras. Não existe uma região, como acreditavam as pessoas 2 séculos atrás, onde as pessoas acreditam ser possivel encontrar um ser humano com duas cabeças, pele verde, nadadeiras ao invés de braços, e esquisitices desse gênero. Essa crença fantasiosa se explicava no impulso natural de desumanizar o "outro", o desconhecido. Muito bem. Então, como explicar a crença que alguns tem de que existem seres desconhecidos, de outros planetas, que são verdes, tem nadadeiras e falam outros idiomas, chamados por nós de seres extraterrestres, ovnis, ETs? A respostas aparece fácil. Encontro justificativa na necessidade que temos de nos afirmar em nossa própria cultura, em nosso meio social, e de perpertuá-la. Desumanizando o "outro" nos tornamos mais humanos. Eu não acredito em ETs e ninguém me convencerá o contrário.

Nenhum comentário: