Mexendo em minhas pastas empoeiradas de lembranças, achei algumas anotações minhas sobre aquele momento que estava vivendo. O ano era 2006 e eu completaria 30 anos em Abril. Estava sozinha na Europa.
Abaixo vou transcrever um poema que li no ármario da cozinha da casa da Paola e Tuca, em Perugia. O escrito estava talhado em uma das portas do armário da cozinha. Achei aquilo no mínimo inusitado. O que aquelas palavras diziam era lindo. Tudo era lindo, na verdade.
O apartamento no alto de uma colina tinha sido deixado para a Paola (uma chilena interessantíssima - uma mistura de feiticeira com dançarina flamenca) por seu ex-marido (um artista plástico italiano). A Tuca morava com Paola. Minha primeira semana em Perugia dormi na cama de casal da Tuca com ela. Isto que eu não a conhecia. A gente se falou por telefone e ela me acolheu, me deu cama, comida e o sentimento mais maravilhoso do mundo: a helping, caring hand, quando se está sozinha, em terra desconhecida.
Foi o italiano quem escreveu...
"Sono solo 4 mura
ma la porta è aperta
al mondo e agli amici
dentro e fuori
Passeranno persone
in cerca di un refugio
un amore
una pace
ma saranno loro
a darle vita
a segnare i muri perché si vedere gli arcobaleni
a inventari con loro sogni nuovi spazi
Vi lascio una casa, una cucina
tanto in un altro posto
qualcuno mi fara entrare
por gendomi (esta palavra não dava para ler, parecia isto)
il benvenuto
e mi fara bere
e mi fara mangiare
Presto ritorneremo a ballare
tutti insieme..."
são só 4 paredes
mas a porta está aberta
ao mundo, e, aos amigos
dentro e fora
passarão pessoas
buscando um refúgio, um amor, uma paz...
mas serão elas a dar-lhe vida,
a marcar as paredes, porque dá pra ver
o arco-íris inventando com os sonhos delas,
novos espaços
lhes deixo uma casa, uma cozinha
assim como em um outro lugar
alguém me fará entrar
(esta parte tá foda, mas deve ser algo como...)
e me sentir bemvindo
e me fará beber,
me fará comer
logo, voltaremos a dançar...
todos juntos...
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