não me lembro o ano que foi, acho que em 1999. fui ao rio de janeiro visitar uma antiga amiga judia, a sharon. à tarde encontramos uma amiga dela que nos convidou pra sair. como a familia da sharon sempre foi embaçada pra deixar ela sair, seus pais não a deixaram ir, mas eu, por outro lado, não tinha nada a ver com o peixe e fui. eles me deram a chave do apartamento e ficaram seguros que a tal amiga dela (nem me lembro seu nome) me traria de volta pra casa, visto que eu não sei me localizar no rio de janeiro.
fomos pra casa do namorado da mina, que ficava em laranjeiras. fumamos varios, só de bombão, enquanto eu os divertia com meu sotaque caipira de interior e com as estorias da minha vida, que na epoca era de chacara, vaca, cogumelo, galinha, cachorro, queijo feito do leite da vaca, psicodelia, etc e tal. ficamos um bom tempo "fumando do grosso" (quando eu ainda fumava beck) e tomando varias... até que fomos à santa tereza (bairro lendário cultural, reduto de artista, poeta, enfim, dos malucos que me interessam).
chegando lá, eu ja estava chumbada e passei mal. minha pressao abaixou e tive que ficar sentada no meio fio pra nao cair. disse pro casal ir indo que logo eu alcançava eles. nisso um carro passou por mim e parou. o cara que tava dirigindo perguntou se tava tudo bem e eu disse que não. ele tava acompanhado de uma garota que vou chamar de ana (não lembro o nome dela). era prima do da direção. perguntaram se eu queria carona pra casa e eu disse que sim, porque na real eu tava afim de ir embora, passar mal na casa da sharon, mas pra isso eu precisava avisar o casal que eu iria embora. ah doce ilusão. já era filha. eu ate que tentei avisá-los, mas as ruas estavam abarrotadas e eu nao tava enxergando nada. era gente pra tudo quanto é lado e um bar ao lado do outro. onde eles estariam? era como achar agulha no palheiro. resolvi ir com eles e tentar a sorte de chegar em casa.
no caminho eles me disseram que tinha um luau na praia de ipanema que era muuuuito louco e tal e ja acenderam um baseado no caminho e eu tentando explicar onde a sharon morava, em vão. não me fazia entender e minha referencias eram: o predio é perto de uma pracinha, duas quadras da praia onde tem um tunel... enfim, nenhum nome, nenhuma direção precisa. tava fudida. assim fui ao luau com eles.
o luau tava demais, só gente fina, gente bonita, gente interessante e interessada. som bom, fogueira, energia tava alta. me senti bem. perto do fogo fiquei e ele me curou.e ficamos lá, a ana me apresentando pruma porrada de gente e eu disposta pra caralho pra conversar e mandar minha mensagem praquela galera. o tempo passou rapido e o sol ja vinha vindo e fui nocauteada pelo cansaço. foi quando a ana e o primo disseram estar indo embora que ela sugeriu pra que eu dormisse na casa dela. eu fui! não tinha muita outra opção mesmo. já tava fudida, fudida mais um quarto, não dá nada.
abrindo a porta do apartamento, a mãe dela estava acordada colocando a mesa do cafe da manhã. ana me apresentou e explicou que eu era de londrina e bla bla bla e a mãe com o afeto que se tem com uma filha me serviu pão com manteiga e cereal com leite e me acarinhava no ombro e dizia: - Ana, essa menina precisa dormir, ela ta abatida.
Ana me levou pelo corredor do apartamento e abriu a porta de um quarto onde um bebê dormia no bercinho. Era seu filho. Ela colocou lençois cheirosos em um colchão que estava ali e me acomodou ali mesmo. Disse boa noite e foi pro seu quarto.
Eu olhei aquele bebezinho dormindo, em um quarto lindo, cheiroso, e me senti como ele, ao mesmo tempo que pensava: caralho, olha onde eu vim parar. capotei por horas, nem sei. o bebe deve ter acordado, deve ter tido entra e sai do quarto, sei la, eu nao vi nada. dormi profundamente. acordei, lembrei do absurdo que tinha acontecido, vi o bercinho, senti a claridade do dia, vi que o sol estava alto, pensei no casal, na sharon, o que todos deveriam estar pensando e o que poderia ter acontecido e me senti abençoada. tocada de alguma maneira por muita coisa boa e muita sorte. a mãe da ana tava na sala, me explicou como chegar no leme (onde a sharon morava) e eu peguei um onibus e bati perna ate encontrar a tal pracinha, perto do tal tunel, onde a sharon morava.
toda vez que escuto as noticias do rio de janeiro, do brasil, alias, do mundo todo, penso que eu vi a excessão e fomos as duas sortudas naquela noite de calor onde os bichos estão soltos.
é muita loucura mesmo. se não guenta, porque veio?
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